Considerações

Como vou aqui me revelar a não ser pela forma? Do que escrevo e não do que digo, e por que é assim? Talvez dizendo me revelasse mais. E não era esse mesmo o propósito? Não entendo.

Queria não ter que pensar no que pensam de mim e que não se preocupassem com o que eu digo mas com a forma como eu digo, que diz mais sobre mim do que qualquer definição que eu mesmo pudesse elaborar. E essa possibilidade de definição existe? Se existe é o que me sufoca. Mas, se não existe se apresenta a mim como uma estranha e interessante meta, que só não sei ser possível por mim. O que eu queria era ser reduzido a uma fórmula.

Assim, desevendaria meus mistérios e me apresentaria de forma clara, como um problema resolvido. Revelaria-me por inteiro ao primeiro contato e não esperaria de alguém nada além do que pudesse retribuir, de acordo com a flutuação de minhas variáveis.

Impossibilitado de me reduzir à fórmula, volto à questão candente, que me entendam pela forma, sem que busquem em mim sistemática coerência. Parece que careço de padrões que me regulem, que me orientem, mas não. Do que careço mesmo é de conteúdo.