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Sentiu o medo se expressar em sua face quando a reencontrou, frente a frente, depois de tanto tempo. Não esperava que o novo contato pudesse ser tão avassalador a ponto de lhe trazer angústia, dor e toda sorte de sofrimento que evocasse amor, sexo e a inteireza de sua infância. E percebeu isso muito claramente num intervalo de segundos em que a avistou, temeu, e reconheceu, primeiro pelo andar desengonçado e depois pela forma como levou o cigarro à boca. Se tivesse conseguido ser mais racional teria fugido daquele parque para evitar o encontro e se resignar ao eterno silêncio, mas não. Levado pela curiosidade a seguiu. Tomado pelo desespero a perdeu e então sentiu o medo se expressar em sua face no exato instante em que ela apareceu na sua frente, olhando em sua direção, caminhando até ele e, muito séria, disse somente:

- Se não fosse pela lembrança do enorme prazer de ter vivido ao seu lado eu diria que você é a pessoa mais repugnante que eu conheci em toda a minha vida.

Encerrava-se aí uma história comum daquelas de amizade – dor – amor – dor – casamento – dor – separação – dor – arrependimento – dor, enquanto ela se virou e caminhou em direção à saída do parque. Restou nele a eterna sensação do medo manifestado em sua face e a dor que o acompanha desde quando a conheceu.